Gosta de Chocolate? Então confira estas dicas para apreciar esta delícia como um especialista!

Cremosidade, adstringência, acidez, terroir e procedência. Essas são as principais características que, assim como o vinho e o café, faz do chocolate Bean to Bar apresentar diferenciais prazerosos que associam a experiência ao sabor, dando ao degustador uma nova forma de apreciá-lo. Veja como qualquer pessoa pode, por meio de dicas valiosas, treinar seus sentidos e degustar um bom chocolate.

Assim como acontece nas degustações de vinho ou de cafés, é possível treinar os sentidos para identificar as sutilezas de sabores e a qualidade do chocolate. Hoje a idealizadora do Clube Cacau Tasters, Valdirene Privatti, fala como isso pode se tornar uma deliciosa aula, além de dicas que vão te ajudar a saborear melhor os chocolates do mercado Bean to Bar. Acompanhe a entrevista:

 

BLOG – Que características físicas um bom chocolate deve ter?

Valdirene: Podemos usar os 5 sentidos para identificar um bom chocolate Bean to Bar. Com a VISÃO podemos nos atentar às características da aparência, ele deve ter brilho, não pode conter bolhas ou manchas esbranquiçadas, o que pode sinalizar que a barra pode ter sofrido alterações de temperaturas.

Com a AUDIÇÃO e TATO você pode ouvir o SNAP – barulho que o chocolate faz ao ser quebrado com a mão – ou seja, ele deve quebrar de maneira firme, sem dobrar ou apresentar muita resistência.  Isso significa que o chocolate passou pelo processo da temperagem de forma eficaz.

Com o OLFATO ao cheirar esse chocolate ele deve liberar um aroma agradável. Com o chocolate Bean to Bar é possível sentir diversos aromas desde notas frutadas, florais, baunilha e amadeirados. Tudo vai depender da origem do cacau usado, do terroir, entre outros fatores.  Esse é o maior charme de uma barra Bean to Bar.

O PALADAR, claroé o principal sentido para experimentar um bom chocolate!  Ele deve ter cremosidade, mesmo as barras que não contém leite, baixa ou nenhuma acidez, e adstringência tolerável (sensação de boca seca) para o paladar.

 

BLOG – Qual a importância da origem do cacau na qualidade do chocolate?

Valdirene: A origem do cacau garante muito a qualidade do chocolate a ser consumido. Costumo dizer que todos os processos são importantes, mas três fatores influenciam na hora de produzir o chocolate: o cacau selecionado e sua origem, a boa fermentação e a torragem. Se você não faz uma boa torra da amêndoa do cacau – e isso é dificílimo de fazer – o chocolate não fica bom. Tanto é que as Makers (pessoas que fabricam as barras em micro lotes de forma artesanal) têm uma preocupação muito grande na seleção desse cacau.

No Brasil, o cacau fino ou premium representa apenas 3% da produção nacional, já o cacau que chamamos de cacau bulk é muito mais fácil de ser encontrado e tem como destino a indústria de chocolates comum, que acrescentam muitos outros ingredientes de baixa qualidade na produção e assim, aumenta a quantidade de açúcar para disfarçar o sabor da amêndoa de má qualidade.

 

BLOG- E Valdirene, nos conte como o consumidor pode identificar se o chocolate é bom ou não sem ser, necessariamente, um expert?

Especialista:, Para saborear e entender se o pedaço de chocolate é de boa qualidade ou não você apenas precisa prestar atenção, não apenas ao rótulo (como já foi citado nesse post clique aqui) como no que acontece dentro da sua boca. Veja, quando você coloca um verdadeiro Bean to Bar na boca, a primeira coisa que você sentirá é a cremosidade da barra, e para isso não é preciso ser um especialista ou um expert.  Estar atento em cada um dos sentidos e a explosão de sabores que aparecerão no seu paladar pode ser um bom começo. O bom chocolate derreterá na sua boca, sem agredir o paladar, de forma que não você não sinta as micras (aquela sensação de areia).  Então fica claro associar que o cacau bom está ligado ao chocolate saboroso e cremoso. É impossível um bom chocolate ser proveniente de um cacau ruim.

 

 BLOG- Como o chocolate Bean to Bar pode oferecer uma experiência diferenciada?

Especialista: A experiência já começa na embalagem, que costuma ser bem diferente das tradicionais e industrializadas. Ao abri-la o cliente já percebe o aroma e a aparência do chocolate Bean to Bar: que é brilhante e tem um toque diferenciado.

Ao consumi-lo, a maior experiência já será sentida no sabor. O produto é muito qualificado perante os outros, pois é um alimento sem conservantes, sem corantes, com pouco açúcar e com uma porcentagem maior de cacau, que oferece propriedades e nutrientes que só o cacau puro pode oferecer, com muitos benefícios à saúde. Um dos benefícios mais conhecidos está ligado a produção de “hormônio do bom humor”, que ajuda a combater a depressão e ansiedade. 

Por isso, provar um chocolate de melhor qualidade eleva o nível do paladar do consumidor e oferece uma nova experiência tanto em sabor quanto em estímulos sensoriais. É um mundo novo que se abre, um caminho sem volta.

 

BLOG -O valor que se entrega é muito maior num Bean To Bar. Por isso, você acha que ter conhecimento da procedência desse chocolate faz com que o degustador tenha uma percepção diferente do produto e principalmente do sabor?

Valdirene:  Hoje, as pessoas estão mais conscientes e buscam saber a procedência  dos produtos, e nem sempre é só pela qualidade ou benefícios que trarão para sua saúde, mas por saberem que estão comprando algo que veio de uma cadeia sustentável.  O consumidor atento, sabe o valor agregado que uma barra bean to bar carrega.  Ele entende que esse produto é diferenciado não apenas no sabor, mas pela forma que é produzido. Na produção do Bean to bar, toda a cadeia produtiva é favorecida, com trabalho remunerado de forma justa, iniciando pelo pequeno produtor de cacau, que preza pela forma sustentável da fazenda e pelas que não têm trabalho escravo e nem exploração infantil, por exemplo, que infelizmente ainda vemos acontecer até hoje em muitos países. A procedência e a cadeia sustentável são uns dos grandes diferenciais do Bean to Bar no Brasil.

BLOG – E a pergunta que não quer calar, o preço do bom Chocolate se compara ao preço do bom vinho ou do bom café que justificam o valor agregado!  Você poderia nos ajudar a entender melhor essa formação?

Valdirene:  Sabemos que tudo que está ligado a formas não exploratórias e sustentáveis possuem um valor agregado maior, justamente por ser um processo justo. O preço do chocolate Bean to Bar tem esse valor agregado como dos bons vinhos e café, pois fazem parte do processo justo e buscam por micro lotes com processo artesanal e com ingredientes de altíssima qualidade.

Sabemos que estamos num mercado pouco explorado, mas que já tem um crescimento significativo em nosso país. Já somos considerado um nicho de mercado importante e já há consumidores que valorizam isso. Ainda há um grande mercado de consumidores a ser explorado, precisamos educar os consumidores para que valorizem ainda mais o processo justo do produto – do campo à mesa – para também valorizar e diferenciar esse produto dos demais que ainda não são transparentes e sustentáveis.